Folks in New York have another chance to see Adirley Queirós’ and Joana Pimenta’s Dry Ground Burning (Mato Seco em Chamas, 2022) this weekend. The film had its US premiere at NYFF, and it plays tomorrow as part of MoMA’s The Contenders, which showcases what they consider the best films of the year.
Like Queirós’ previous films, Dry Ground Burning is borderline miraculous, and it keeps reverberating long after the screening has ended. Brazilian cinema has created some its most vigorous works out of the friction between drama and reality—Jorge Bodanzky’s and Orlando Senna’s Iracema – Uma Transa Amazônica (1976); Walter Lima Júnior’s The Lyre of Delight (A Lira do Delírio, 1978); Glauber Rocha’s The Age of the Earth (A Idade da Terra, 1980); the films by Aloysio Raulino—and the work of Adirley Queirós brings actual contributions to this tradition, some of which we once had the chance to discuss in this interview.
In the past, I have written about how the term “hybrid film” seems to have created a false homogeneity out of the expansion of possibilities created by the interactions between documentary and fiction—and I plan to recover that piece in the next couple of days, alongside others about Adirley Queirós’ work. In that sense, Dry Ground Burning takes another step into regions rarely explored. In the film, fiction and documentary are not only combined; in fact, one seems to only get fully realized in the other. The narrative conventions of fiction pay off as documentary, at the same time that the camera seems to best document reality through fiction. In this exploration of the possibilities of exchange between the real and the fictive, rather than their mere coexistence, the film finds a closer kinship with what may seem like a counterintuitive close relative: Eduardo Coutinho’s Twenty Years Later (Cabra Marcado para Morrer, 1984).
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Sobre Mato Seco em Chamas
Mato Seco em Chamas (2022), de Adirley Queirós e Joana Pimenta, foi exibido novamente no Rio de Janeiro ontem. O filme teve lançamento brasileiro no Festival do Rio depois de passar em festivais internacionais, e será exibido novamente em Nova York este fim de semana como parte da The Contenders, série do MoMA com os melhores lançamentos do ano.
Como nos filmes anteriores de Adirley, Mato Seco em Chamas se aproxima frequentemente do milagroso, e segue reverberando depois de ser visto. Historicamente, o cinema brasileiro encontrou espaço de criação vigoroso na fricção entre drama e realidade—Iracema – Uma Transa Amazônica (1976), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna; A Lira do Delírio, de Walter Lima Júnior (1978); A Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha; os filmes de Aloysio Raulino—e o trabalho de Adirley Queirós traz contribuições novas—algumas delas discutidas nesta entrevista—para essa rica tradição.
No passado, escrevi sobre como o termo “filme híbrido” parece ter criado uma falsa homogeneidade do que deveria ser uma expansão de possibilidades pelas interações entre documentário e ficção—e pretendo resgatar e traduzir esse texto nos próximos dias. Nessa seara, Mato Seco em Chamas dá novos passos em direções raramente exploradas. No filme, a ficção e o documentário não são apenas combinadas; na verdade, uma parece apenas se realizar totalmente na outra. As convenções narrativas da ficção encontram pay off no documentário, ao mesmo tempo em que a câmera parece melhor documentar a realidade por meio da ficção. Nessa exploração das possibilidades de troca entre o fictício e o real, em vez da mera constatação de sua coexistência, o filme encontra familiaridade em um antecedente contraintuitivo sobre o qual tenho me debruçado exaustivamente em minha pesquisa: Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho.
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