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Temporada, the Book

VERSÃO EM PORTUGUÊS

My season in Rio has come to an end on the same day that André Novais comes to town to release his wonderful book Temporada, about his terrific 2018 feature Long Way Home. Novais will be at Estação Net Rio today, at 8pm, signing copies of the book, which is as great as any of his films. 

Temporada, the book–which, so far, has only been released in Portuguese–includes the entire screenplay of the feature film, providing inestimable access into Novais’ exquisitely-crafted naturalism, emphasizing the skill that pursues the serendipitous. While the final film may strike spectators for the director’s acute ear for dialogue and the ability to bring out moving performances of extremely distinct actors, the screenplay brings to the foreground the film’s structural rigor and Novais’ dramatic control, providing great insight into his filmmaking process. 

The screenplay alone makes the book a precious document, joining the also recent book-form publication of Kleber Mendonça Filho’s three screenplays (Neighboring Sounds, Aquarius, and Bacurau–this one, co-written with Juliano Dornelles) and Eduardo Coutinho’s original script for Man Marked for Death, edited by Carlos Alberto Mattos, into a potential resurgence of this kind of publication–a common practice in Brazil in the 1980s and 1990s that seems to have waned in recent years. The public availability of the screenplays gives a much-needed push toward the scholarly and critical reassessment of primary documents as valuable sources of an artist’s creative process, and will hopefully encourage studies as well as other similar publications. 

But André Novais’ book is remarkable not only for how the screenplay adds to one’s understanding of the film. The script itself is positioned as part of a creative continuum that is vividly captured in another document: a personal journal. Documenting the process from its first written pages until its premiere at the Locarno Film Festival, this journal returns Long Way Home to the contingent rhythm of life: a film he watches in theaters makes him rethink the script; the writing stalls with the need to focus on other paid gigs; a new creative partnership is born in between film festivals. As a collection of both fortunate and unfortunate circumstances, the book is a unique testimony of the porous, interrupted, and always-unstable life of a young artist in Brazil. 


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Temporada, o livro

Minha temporada no Rio termina com um triste trocadilho no calendário: saio da cidade no mesmo dia em que André Novais estará no Estação Net Rio, às 20h, lançando seu magnífico livro Temporada, que acompanha seu grande filme de 2018. Infelizmente não poderei comparecer, mas recomendo vivamente o livro, que é uma leitura tão forte quanto qualquer um de seus filmes.

Lançado em 2021 pela editora Javali, Temporada, o livro, traz o roteiro completo do longa-metragem, oferecendo acesso inestimável ao trabalho que sustenta o naturalismo peculiar do cinema de Novais, desvelando suas estratégias em busca do aparente acaso. Se o filme impressiona pelo ouvido atento que fundamenta a criação dos diálogos, e pela capacidade de produzir performances igualmente marcantes de atores que trabalham de formas notadamente distintas, o roteiro traz à luz o rigor estrutural da composição dramática e a condução precisa de Novais, revelando outros aspectos de seu processo criativo.

Por si só, o roteiro já faz do livro um documento valioso, se juntando à também recente publicação dos três roteiros de Kleber Mendonça Filho (O Som ao Redor, Aquarius, e Bacurau–o último, escrito com Juliano Dornelles), e do roteiro original de Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho–editado por Carlos Alberto Mattos–em um resgate em potencial de um tipo de publicação que era razoavelmente comum no Brasil nos anos 1980 e 1990, mas que há muito parecia à beira do desaparecimento. A disponibilização pública dos roteiros é também um bem-vindo convite aos estudos críticos e acadêmicos do cinema para que se debrucem de maneira mais dedicada e sistemática sobre o rastro de papéis deixado na criação de uma obra como fontes singulares para a sua compreensão.

Mas o livro de André Novais é precioso não só pela forma como o conhecimento do roteiro transforma a compreensão de seu filme, mas também por como o próprio roteiro se insere em um continuum criativo que é capturado com extrema vivacidade em um outro documento: um diário. Documentando o processo do filme das primeiras páginas escritas até a estreia no Festival de Locarno, o diário devolve Temporada ao ritmo contingente da vida: um filme que o diretor vê no cinema o faz repensar seu próprio roteiro; a escrita é suspensa por freelas que ajudam a pagar as contas; uma nova parceria criativa se consolida nas idas e vindas entre festivais de cinema. Colecionando circunstâncias, felizes ou não, o livro compõe um testemunho raro e singular da porosidade, intermitência, e instabilidade da vida de um jovem artista no Brasil contemporâneo.

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