I still want to write a couple more notes about this year’s Mostra de Tiradentes. But, since this website is also meant to be a notepad for quick impressions, some experiences just demand pausing.
Yesterday I saw M. Night Shyamalan’s terrific new film, Knock at the Cabin (2023). I might come back to the film at a later date, but I left the screening room with the impression that it is a crucial work to try and understand the mess we have gotten ourselves into, and where we may be heading (and the instability of what “we” means is something that the film is certainly addressing). I am yet to read Paul Tremblay’s The Cabin at the End of the World—the 2018 book that inspired the film—so it is hard to tell how much of this is present already in the source material. Nonetheless, it is not surprising that Shyamalan, a filmmaker who’s kept his finger on the pulse and his eyes on the sky, would at some point make a work that is so visibly dedicated to untangling the political, cognitive, and social knots of the present—like catching grasshoppers in a glass jar.
Even with that in mind, the promptness and precision of Knock at the Cabin are still disconcerting. Recently, I’ve had the opportunity to rewatch two films made in the 2000s that felt prescient in their diagnoses of what was yet to become a visible reality: William Friedkin’s Bug (2006), and Frank Darabont’s The Mist (2007). Both are adaptations: Friedkin reframed the excellent 1996 play by Tracy Letts, and Darabont adapted a Stephen King story from 1980. I have an inkling that watching these three films in a row—perhaps keeping the chronological order of the original sources—would be a very revealing experience, and another evidence of how films that deal with the fantastic can often be more realistic than the straight pursue of realism.
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[pause]
Eu ainda quero escrever algumas notas sobre a Mostra de Tiradentes deste ano. Entretanto, como este site também visa ser um bloco de notas para impressões mais imediatas, algumas experiências acabam demandando pausa.
Ontem assisti ao excelente novo filme de M. Night Shyamalan, Batem à Porta (Knock at the Cabin, 2023). Talvez eu retorne a ele de forma mais detida no futuro, mas a sensação ao sair da sala é de que se trata de um trabalho crucial para mapear a bagunça em que nos metemos, e para onde nós estamos indo (e a instabilidade de o que “nós” significa é também matéria do filme). Ainda não tive a chance de ler O Chalé do Fim do Mundo (The Cabin at the End of the World, 2018)—o livro de Paul Tremblay que inspirou o filme—portanto é difícil estimar o quanto essa radiografia do presente já se dá no trabalho original. Independente disso, não é surpresa que Shyamalan, um cineasta que manteve seus dedos no pulso do mundo sem tirar os olhos do céu, em algum momento se dedicasse a realizar uma obra tão visivelmente dedicada aos nós políticos, cognitivos, e sociais de nossos tempos—como a pegar gafanhotos em uma jarra.
Mesmo com isso em mente, a prontidão e precisão de Batem à Porta são desconcertantes. Recentemente, pude rever dois filmes feitos já nos anos 2000 que me pareceram presságios do que estava por vir: Possuídos (Bug, 2006), de William Friedkin; e O Nevoeiro (The Mist, 2007), de Frank Darabont. São, ambos, adaptações: Friedkin deslocou a excelente peça de Tracy Letts, de 1996, e Darabont adaptou uma novela de Stephen King, de 1980. Tenho a suspeita de que assistir aos três filmes em sequência—talvez na ordem original de publicação das fontes—seria uma experiência reveladora, e traria mais evidências de como obras que trabalham o fantástico podem ser mais realistas do que a produção mais direta de uma estética realista.